Entrei na igreja em 1996 e sou obreira desde 1998. Conheci meu marido quando ainda éramos evangelistas. Agimos a fé em campanhas e Fogueiras Santas e nos casamos desempregados em 1999. Fomos muito abençoados e temos uma vida financeira suficientemente tranqüila há um bom tempo. Em 2001, meu sogro faleceu e tivemos a necessidade de parar com o trabalho de evangelização no presídio para auxiliar minha sogra. Na época tínhamos uma empresa. A partir daí, fomos nos acomodando... e aos poucos esfriando... Deus me deu um bom emprego e passei a dedicar mais tempo do que deveria ao meu crescimento profissional. Depois comecei a faculdade também me dedicando além da conta, pois gosto muito de estudar, assim ia à igreja somente aos domingos. Exteriormente, a justificativa é que faço o melhor e procuro ser a melhor em tudo, pela a satisfação pessoal e para glorificar o nosso Senhor, mas interiormente, tanta dedicação e planejamento eram porque sabia que não poderia cobrar nada de Deus (mesmo sendo dizimista fiel).
Houve várias tentativas do diabo em me fazer cair, mas sempre resisti por temor de Deus e amor ao meu esposo.
É claro que esfriei espiritualmente, mas em todo tempo, durante vários anos, passaram servos de Deus extremamente ungidos pelo Brás. O último tinha sido o Bispo Jadson. Em todos esses anos, um grande nº de reuniões de conserto foi feita, e eu saía da igreja cheia de fé que tudo ia mudar, mas depois eu não tinha forças para continuar, fazer a minha parte e me aproximar de Deus. Minhas palavras pareciam pedras de gelo caindo da minha boca, e minha alma doía, pois sabia que estava priorizando outras coisas e entristecendo ao meu Pai, mas não conseguia mudar. Nunca busquei ajuda, pois eu sempre tive total consciência dos meus erros, onde precisava mudar, o que precisava fazer para isso e sabia que vivendo daquela maneira não estava salva.
O Espírito Santo nunca deixou de me mostrar o que eu precisava para reverter esta situação. O problema é que eu não tinha forças para isso. Quase não fazia mais escalas. Conhecia a palavra de cor e salteado, mas naquele momento não havia nada do Espírito. Isso dificulta muito. É muito mais fácil alguém que nunca ouviu falar no Senhor Jesus se libertar, converter, entregar-se de verdade do que aqueles que já o conheceram e se deixaram esfriar. A conversão é muito mais fácil que a renovação. Já ouviram tanto e como nada aconteceu (não por culpa de Deus ou da igreja, e sim dela própria), a palavra não consegue mais convencer. Ela acha que nunca conseguirá.
Em 2008 engravidei (foi planejado) e com isso deixei de fazer as minhas escalas, o que me afastou ainda mais do fogo. Para ser sincera, com aquela frieza toda, eu nem tinha mais vontade de vestir o santo uniforme, pois sabia que não tinha nada para passar ao povo e sei que não podemos brincar com a vida das pessoas, nem com o diabo e muito menos com Deus. Não sou do tipo de obreira que gosta de se esconder das pessoas que manifestam demônios, ou que desviam dos atendimentos, e que se dá por satisfeita por apenas vestir o uniforme. Então não fiz grande esforço para emagrecer e conseguir entrar no uniforme novamente (pós parto). A pastora responsável pelos obreiros “pegava no meu pé”, mas eu sempre tinha uma desculpa. Ao mesmo tempo, nunca pensei em sair definitivamente da obra, pois tinha esperança que algum milagre ocorresse e Deus poderia fazer tudo novo.
Nesta situação eu me achava quando em fevereiro de 2010 o bispo Guaracy chegou ao Brás. A 1ª reunião de domingo foi como tantas outras em que saí da igreja renovada e me sentindo novinha em folha, mas todas as outras depois foram igualmente fortes para mim! Depois de uns 15 dias, fui chamada para dar testemunho, e assim Deus me mostrou que depois de tudo Ele ainda me aceitava e queria me usar. Voltei a ter vontade de orar e a sentir a presença de Deus, depois voltei a ter vontade de ir à igreja e gradativamente fui me fortalecendo. Em apenas dois meses, já me sentia uma nova criatura novamente. Perdi a vontade de fazer muitas coisas que são lícitas, simplesmente porque não me aproximam de Deus.
Fiz então um propósito para voltar à obra em 21/04 (dia da decisão). Me santifiquei e fiz um regime radical, pois o uniforme não servia desde que ganhei o Gabriel. Em apenas 20 dias atingi meu objetivo e voltei à obra um domingo antes do dia D. Quando ainda estava só buscando (terminando o regime), comecei a sentir uma leve acomodação e o Espírito Santo começou a deixar de descer tão forte sobre mim. Fiquei preocupada, mas rapidamente o Senhor me mostrou que não havia porque me encher se eu não estivesse dando o que recebi... nessa mesma semana consegui vestir meu uniforme e a cada dia, a cada escala e a cada atendimento realizado tenho sentido maior intimidade e comunhão com Deus. Voltei ao 1º amor.
Se antes eu ia praticamente de 15 em 15 dias na igreja, hoje voltei a ativa e na medida que meu pequeno me permite (agora está com 2 anos), vou a igreja o máximo de dias que posso. É um prazer estar no átrio. Quando estou na igreja não tenho vontade de ir embora. Já não trabalhava em reuniões de libertação acho que desde 2003 (todo esse tempo sem expulsar um demônio, pois mesmo sem cometer erros mais graves, sabia que o Espírito Santo estava cada vez mais longe), então foi como se estivesse começando na obra novamente. 1ª reunião de libertação... 1º atendimento... 1º demônio que expulsei..., voltei a jejuar (nem me lembro há quanto tempo não fazia um jejum), e graças a esta nova oportunidade que Deus me deu, voltei a ter prazer em evangelizar as pessoas que encontro. Sinto que sou novamente um instrumento nas mãos de Deus. Pela misericórdia de Deus em 2010 levei mais pessoas pela 1ª vez na igreja do que tinha levado em 13 anos. Minha agonia e tristeza eram tão profundos por não conseguir sair daquele poço que hoje a minha maior vontade é GRITAR para o mundo que há uma solução para o esfriamento!
Agora posso santificar e edificar meu esposo e a minha casa. Inicialmente eu tinha receio que devido a alguma situação da vida eu deixasse tudo voltar a ser como antes e esfriasse novamente. Pedi ao Senhor que me leve se Ele sabe que em algum momento voltarei a perder minha salvação (mesmo sabendo que deixaria um marido e filho que amo), mas graças a Deus esse medo já não existe mais, pois tenho certeza que Ele vai me usar muito para ajudar pessoas que hoje vivem o que sofri anteriormente. Além disso, depois de viver por anos um sofrimento espiritual intenso desejando voltar à presença de Deus, eu nunca mais me acomodarei, pois sei o perigo e a conseqüência disso. Sei que o que aconteceu comigo foi um verdadeiro milagre, pois poderia ter caído em pecado e aí realmente não conseguiria mais voltar. “Gato escaldado tem medo de água fria”. Eu não serei vencida pelo tempo!
Junto a isso li o livro “A mulher total” e através da direção que Deus me deu, meu casamento está se renovando a cada dia! Deus tem colocado em meu caminho pessoas com problemas no casamento e caídas espiritualmente para eu ajudar. Tanto sofrimento hoje tem uma utilidade.
Tenho certeza do meu novo nascimento em 1997, nas reuniões do bispo Adilson (pastor Adilson na época), mas hoje digo ao meu marido que se é que isso é possível, tenho dois pais espirituais aqui na terra: O bispo Adilson que foi usado para me levar ao novo nascimento, e o bispo Guaracy que foi o instrumento de Deus para toda essa transformação, a minha ressurreição, volta ao 1º amor e à vida!
Não posso deixar de comentar como o amor e a misericórdia de Deus me deixam cada dia mais apaixonada por Ele. Tantas pessoas clamam por uma oportunidade e estão perdidas, sofrendo, e tive duas chances! Eu realmente não mereço isso. Mesmo depois de ser iluminada, me deixei esfriar por coisas que não tem valor algum e ainda assim, mesmo perdida por tantos anos, o Senhor teve tanta paciência... Ele não é “um pai”. Ele é “O Pai”. E no momento que Ele escolheu, me deu uma nova chance e estou aqui hoje dando mais valor a minha vida espiritual do que nunca!
Só não sei o que vou fazer da minha vida profissional. Hoje, a única vontade que tenho é a de a cada dia me aproximar mais e mais de Deus, ser a melhor esposa, melhor mãe e obreira. Sei que precisarei concluir meu curso superior (falta dois anos), mas ainda não consegui pensar em uma forma de conciliar a vida com Deus + a de esposa + a de mãe + obra de Deus (me dando como quero) e ainda dedicar pelo menos 6h do meu dia aos estudos/trabalho. Essa experiência me mostrou que enquanto há tempo, temos que nos dedicar e dar valor ao que realmente importa. Ao mesmo tempo, continuo apaixonada por biologia... mas não sei se vou conseguir voltar a estudar sem dar mais valor a isso do que devo... Mas não estou ansiosa, afinal, entreguei tudo o que sou, meus sonhos e planos a Deus. De verdade. Ele vai me dirigir, pois o meu maior desejo não é quando chegar ao fim da vida apenas ter sido uma grande bióloga, com um ótimo testemunho financeiro e profissional. O meu maior sonho, mesmo quando estava distante, é um dia ter a mesma alegria que Paulo teve em poder dizer: "Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé.”
O começo.
O começo.
